sábado, 7 de março de 2015

Após as estreias de Nuestra Senhora de las Nuvens e do infanto-juvenil Abrazo, o grupo Clowns de Shakespeare fecha a trilogia de espetáculos dentro da pesquisa sobre temas que envolvem o contexto político e social latino-americano com a montagem de 'Dois Amores y Um Bicho', do venezuelano Gustavo Ott. O espetáculo estreia nesta quinta-feira (26) e cumpre temporada de um mês no Barracão Clowns, até o dia 22 de março, sempre de quinta a domingo. Os ingressos já estão à venda no local. O Barracão fica em Nova Descoberta, Zona Sul de Natal.

O espetáculo é dirigido pelo carioca Renato Carrera, reconhecido por montagens premiadas, como Savana Glacial (Prêmio Shell de melhor Texto) e o recente Vestido de Noiva (indicado a sete prêmios, incluindo Shell, Cesgranrio e vencedor do Prêmio Questão de Crítica como “Melhor Espetáculo”). O diretor trouxe sua bagagem para passar alguns meses na capital potiguar, dentro do Barracão, na criação desse trabalho, à convite dos Clowns. O espetáculo também marca a volta aos palcos do casal César Ferrário e Titina Medeiros (que no ano passado estiveram afastados do grupo por causa de trabalhos na televisão), e contará ainda com a presença do ator e diretor João Júnior, potiguar residente em São Paulo e ex-integrante dos Clowns, que foi especialmente convidado para compor o elenco dessa história.

A dramaturgia, escrita em um estilo cheio de instabilidades narrativas, traz à tona uma série de tensões, situada pelo diretor num período pós-Segunda Guerra Mundial, mas muito mais contemporâneo do que podemos imaginar. Apresenta para o espectador uma história que começa com um atentado: uma bomba jogada em um jardim de infância. A notícia revela o caráter de um pai que matou seu cão a pontapés por considerá-lo homossexual e esse é o eixo central da trama, ambientada por vezes na casa da família, ou no Jardim Zoológico que vai ganhando dimensões de universo.
Num contexto de repressão policial das ditaduras latino-americanas, um passado de terror, um presente de contenção do desejo, de apaziguamento da utopia, de conformismo pequeno-burguês com o logro econômico da classe média, e um futuro incerto, acontece a história de um pequeno núcleo familiar: do tédio ao assassinato, do amor ao ódio, da imobilidade à vibração.
O espetáculo propõe um mergulho no “estilo macabro latino-americano” criado pelo próprio Gustavo Ott, apresentando uma encenação densa e cortante, com elementos sombrios e interpretações que transitam entre o dramático e o épico. A trilha sonora especialmente criada para a peça é uma parceria de Gabriel Souto e Marco França, que também assina a direção musical. Na produção executiva temos Rafael Telles, que estreia também como cenógrafo; Ronaldo Costa traz uma iluminação desafiadora e precisa. Os atores tiveram um acompanhamento técnico da bailarina e preparadora corporal Ana Cláudia Viana e vestem figurinos de João Marcelino. A preparação vocal e direção de texto ficou à cargo mais uma vez da mineira Babaya, parceira das últimas montagens do grupo. A equipe ainda conta com Johann Jean, responsável pelas projeções em vídeo e com Márcia Lohss, como assistente de direção.


Fonte: G1